sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Foi publicado edição de Agosto do Jornal "Expresso do Oriente" um artigo sobre o projecto Músicas&Musicais




A Escola Básica 2,3 de Nuno Gonçalves tem vindo a desenvolver um projecto de iniciação ao teatro musical e uma orquestra, que envolve alunos e professores e que tem tido resultados positivos ao nível da inclusão, da redução do abandono escolar e promoção da criatividade.
Músicas&Musicais surgiu em 2005 com o objectivo de desenvolver a criatividade e a comunicação através de diferentes linguagens: música, teatro, dança, cinema. Desenvolvendo-se em duas vertentes: teatro musical e orquestra de escola.Este projecto envolve professores de Música mas também de Inglês, Educação Física e Educação Visual e Tecnológicaque apesar de não terem formação teatral tentam dar “o nosso melhor para transmitir conhecimentos e, volta e meia, é convidado um artista para ajudar na encenação das peças que produzimos”, conta Rosário Lucena, uma das responsáveis.O Grupo conta com cerca de 130 alunos do 1.º, 2.º e 3.º Ciclo, que colaboram no processo de criação de uma peça, fazema roupa com os tecidos oferecidos, tratam dos cenários que por vezes também são oferecidos. “Aqui até os ‘nerds’ têm direito ao seu papel e é tão importante como o de quem está no staff, pois o trabalho de cada um contribuiu para um todo”.Do rol de peças que já produziram constam A Magia do Natal, adaptação do “Conto de Natal” de Charles Dickens; Annie; Tarzan; Fantasma da Ópera, Cats; Música no Coração; West Side Story e a mais recente, “O Pai Tirano”, que esteve em cena no Teatro São Luíz.
A OrquestraEm 2008, resultante do projecto “Musicas&Musicais”surge a Orquestra Nuno Gonçalves que visa a introdução da prática musical colectiva através da orquestra e do coro. O objectivo é “desenvolver competências musicais e através da aprendizagem artística pessoal, desenvolvidosenquanto cidadãos e alunos”. Uma das grandes características deste projecto é que integra meninos e meninas de idades, turmas e escolas diferentes (desde que tenham estudado na Escola Nuno Gonçalves). “É inclusivo visto que abrange alunos estrangeiros, com problemas comportamentais, em risco de abandonoescolar, entre outros”.A Junta de Freguesia da Penha de França tem sido fundamental ao apoiar na logística e no transporte das crianças e material dos espectáculos. No entanto, não teria sido possível levar avante este projecto sem o apoio da Fundação Oriente e da Gebalis para a aquisição de material e instrumentos. A orquestra é formada por cerca de 60 alunos, do 1.º, 2.º e 3.º Ciclo, que integram os naipes de cordas (violinos) sopros (flautas, soprano, contralto e tenor), secção electrónica (guitarra eléctrica, baixo) secção rítmica (bateria, timbales, bombo, caixa, pandeiretas, tamborins, maracas) e teclado.O professor Ricardo Fernandes é o maestro responsável e revela que “não se trata simplesmente de formar mais sim sensibilizar e alargar horizontes para diferentes áreas”, conta.Os alunosEste é o primeiro ano de Rita Marques, de 11 anos, na Orquestra e no Teatro. Desdepequena que toca piano e quando soube que o professor de música andava à procura de novos elementos para o grupo decidiu inscrever-se e recorda-se muito bem do espectáculo que mais a marcou. “Foi na abertura da Sessão Solene, porque apesar de ser um concerto para a escola tinha pessoas da minha família na plateia”. No teatro gosta mais de fazer os papéis de empregada, “não sei explicarporquê”, de tal forma que na última peça em que participou, “O Pai Tirano”, fez de empregada da pensão da Dona Emília.Apesar de já não pertencer a esta escola, Joana Antunes, agora com 16 anos, continua ligada ao projecto, “gostei da experiência e decidi continuar e agora não quero outra coisa”. Para Joana o mais importante é o “espírito de união e as amizades que se criam”, sendo uma mais-valia o facto de “ajudar a descontrair e esquecer a escola e as chatices”.O mesmo acontece com Ricardo Tavares que, aos 17 anos e apesar de ter mudado de escola, continua a participar nos espectáculos, já lá vão quatro anos. Considera-se muito tímido e acredita que esta iniciativa serviu para desenvolvercapacidades que estavam escondidas, “solta um pouco a personalidade de uma pessoa”. Os pais acharam uma boa ideia e nunca puseram entraves, por sua vez, os colegas “só perguntam quando vou participar em mais peças”.Inês Martinho tem 12 anos e sempre teve uma veia artística, “desde pequena que gosto de representar e cantar e, por isso, mal soube desta iniciativa inscrevi-me”. Recorda com carinho o momento que mais a marcou em palco, “foi quando fiz o primeiro espectáculo “Annie” e tive que utilizar uma peruca enquanto contracenava com a cadela Luna. A certa altura a cadela entrou e começou a fazer pinotes provocando gargalhadas em todas as crianças que estavam no público”. No geral,acredita que esta experiência tem-se revelado única.Inês Terra, de 18 anos, é um claro exemplo de inclusão social. Ingressou no projecto através do Serviço de Psicologia por considerarem determinante dar-lhe este tipo de oportunidade. Apesar de na sua maioria ter um papel mais figurativo nas peças, devido às suas dificuldades sociais, confessa-se feliz com o seu desempenho e com os colegas

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